Palestra com Cecília Leão (Escola de Medicina, Universidade do Minho)
Humanidades na formação médica: A medicina do cuidar do todo que é muito mais do que a cura e o tratamento
A medicina personalizada do hoje e do amanhã é uma medicina dicotómica, por um lado, assente na evidência científica, no método, na doença, mas por outro na medicina centrada na Pessoa e na sua Narrativa, na sua experiência global, na sua Pessoalidade. Cronologicamente, foi o paradigma antropológico o fundador da medicina “ocidental” – com expressão no “Juramento de Hipócrates” – que prevaleceu até ao fim da II Grande Guerra Mundial. Depois… o doente, enquanto Pessoa, foi-se esbatendo do cenário da prática médica. O modelo biomédico ou biomecânico passou a ser valorizado no ensino e prática da medicina, em detrimento de uma formação assente numa conceção holística, antropológica ou biopsicossocial da pessoa doente que, só nas últimas décadas, tem vindo a ser novamente retomada. Esta é a medicina do cuidar do todo que é muito mais do que a cura e o tratamento. É para esta medicina que as Escolas médicas terão que procurar preparar os seus estudantes. Não há receita mágica, mas para tal muito pode contribuir a introdução formal da vertente das humanidades nos planos de estudos dos cursos de medicina, de uma forma integrada e articulada com as restantes unidades curriculares biomédicas e clínicas, oferecendo oportunidades para explorar a interceção das artes e humanidades com a prática clínica. O objetivo final é a formação de BONS MÉDICOS E MÉDICOS BONS, i.e., Médicos excelentes no Saber e no Saber Fazer com a excelência do melhor que a ciência e o conhecimento biomédico têm para oferecer, mas também capazes de o entregar ao Outro – à Pessoa que o espera e lhe pede ajuda, com a atitude do Saber Estar e da interiorização dos valores do Saber Ser.
Sessão modarada por Isabel Fernandes
6 de Fevereiro | 17h | Sala de Actos | FLUL
Projeto SHARE (Saúde e Humanidades Atuando em Rede), ref.ª PTDC/LLT-OUT/29231/2017, financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I. P. e por fundos FEDER através do Programa Operacional Regional de Lisboa.